terça-feira, 6 de março de 2007

Fala, mestre! PIER CESARE RIVOLTELLA


Leia parte da entrevista com o filósofo italiano Pier Cesare Rivoltella, especialista em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão, na Itália, que com frequência visita o Brasil . Ele orienta pesquisas sobre a relação entre jovens e internet do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde também dá aulas sobre Mídia e Educação, e acompanha pesquisas de mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina.
Como os jovens se relacionam com as novas tecnologias?

PIER CESARE RIVOLTELLA: Uma das maiores características desse público é o que chamamos de uma disposição multitarefa. Ele responde às mensagens do celular, ouve música no iPod, vê TV e fala com os amigos no Messenger - tudo ao mesmo tempo. Da mesma forma, ele sabe que acessar a internet pelo computador de casa ou pelo telefone celular é muito diferente. O computador, geralmente, é de toda a família e fica na sala. O celular é pessoal. Além disso, o jovem de hoje reconhece as especificidades de cada tecnologia e se adapta a elas. Ele pode sair pela cidade enquanto olha a tela do celular - o que é impossível na frente da tela de um computador. Fazer tudo isso simultaneamente é uma característica típica das novas gerações. Por um lado, isso lhes confere uma elaboração cognitiva muito rápida. Por outro, acaba deixando-os na superficialidade, pois não dá tempo de se aprofundar nos assuntos.
Como as escolas se relacionam com esses jovens?
RIVOLTELLA Mal, muito mal. Hoje, as novas gerações estão completamente ligadas à tecnologia e aos meios de comunicação. Elas fazem parte de uma cidade que não é só real mas também digital. E nesse espaço você não é brasileiro nem italiano. Os jovens de hoje são criados numa sociedade digital. Por isso, educar para os meios de comunicação é educar para a cidadania. Daí vem a urgência de a escola se integrar a essa realidade.


O que o professor precisa para explorar as tecnologias em sala de aula?

RIVOLTELLA: Precisa saber fazer análises críticas e organizar atividades de produção usando essas tecnologias (e também os meios de comunicação). Os computadores e celulares deixaram de ser apenas ferramentas de recepção. Hoje, são também de produção. Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com um celular e publicá-los na internet. Qualquer um pode editar e produzir conteúdo. Há cinco anos, éramos apenas consumidores de conteúdos prontos. Da mesma forma, é importante o professor organizar palestras e oficinas de produção multimídia, conhecer as linguagens da mídia, saber utilizar uma câmera e dominar a dinâmica dos textos na internet, com seus links para outros textos. Na Itália, trabalhos como esse são feitos nas disciplinas de Arte e Língua Italiana no Ensino Fundamental.

O senhor defende a criação de um novo tipo de profissional, o mídia-educador. Qual o papel dele?

RIVOLTELLA : Ele é um especialista no tema. Tem competências nas áreas de Comunicação e Pedagogia e, na escola, ajuda a formar os professores das outras disciplinas e atua em conjunto com eles no aprofundamento do trabalho educativo com os meios de comunicação. Na Europa, os mídia-educadores vêm da Comunicação e da Pedagogia - ou se formam em cursos como o de Mídia e Educação, que dirijo desde 1999. Eles já atuam em algumas escolas públicas italianas, embora o Ministério da Educação não tenha posição oficial sobre a questão.
No Brasil, ainda há muita resistência ao uso da tecnologia na escola.

RIVOLTELLA: Isso é muito ruim porque o Brasil fica para trás nessa questão que é crucial. Na Europa, ela já foi amplamente superada, pelo menos no que diz respeito a computadores. O que falta é formar professores que dominem as relações entre mídia e Educação. Hoje, o que existe é uma competência instrumental, o mínimo necessário para desenvolver um pensamento crítico sobre a internet, por exemplo.
(Veja o original desta entrevista no site www.novaescola.org.br , edição de março 2007)

Um comentário:

Conceição Pinheiro disse...

Oi Clari
Visitei o seu Blog.
Gostei muito... Muito bem!
Vamos dar relevo ao que de bom no mundo existe e principalmente na vida em grupo. Assim tudo se torna mais leve e saudável e vamos construindo a realidade do paraíso no nosso dia-a-dia com os alunos e colegas de trabalho. E aos poucos vamos construindo um CASTELO MÍSTICO AO NOSSO REDOR: O AMOR. A presença de Jesus: “Onde dois ou mais estão reunidos em meu nome eu estou no meio deles”. Ah! Se o mundo descobrisse logo essa realidade! Não é mesmo Clari! Avante!
Criei também um Blog para meus ex-alunos. Que agora já estão jovens e se casando... Rs A idéia do “interativo” foi ótima... Obrigada!